terça-feira, 27 de setembro de 2011

Comandante do 22º BPM da Maré é preso pelo assassinato de juíza, mas comunidade perde posto de saúde pública.



A Justiça decretou a prisão do ex-comandante do 7º BPM (São Gonçalo) e atual comandante do 22º BPM (Maré), tenente-coronel Cláudio Luiz de Oliveira, no fim da noite de segunda-feira, dia 26/09.




 Este é acusado de ser o mandante do assassinato da juíza Patrícia Acioli, em agosto, quando ainda era comandante do batalhão. A Juíza era umas das principais figuras no combate as milícias no Rio de Janeiro. No último ano, havia condenado mais de 60 policiais envolvidos em esquemas de corrupção e homicídios.
Patrícia não foi apenas mais uma vítima da violência policial. seu caso revelou o quanto esse modelo democrático vivido em nosso país é limitado. Parlamentares atuam em uma rede de corrupção com policiais milicianos, estes por sua vez, possuem a certeza da impunidade diante de um Judiciário vendido aos interesses do alto escalão político e econômico. Mas Patrícia não se vendeu. E por isso, sua morte foi acima de tudo uma represália!
Outros cinco policiais, que atuavam no mesmo batalhão sob a tutela de Cláudio Luiz também tiveram mandados expedidos pela 3ª Vara Criminal de Niterói. Os policiais faziam parte do Grupamento de Ações Táticas e são acusados de forjar um auto de resistência para acobertar a morte de Diego Belieni, então com 18 anos.        
No Rio de Janeiro, morrem por dia 3 jovens assassinados pela polícia, em sua maioria negros, de comunidades carentes. De acordo com organismos internacionais, a polícia do Rio é a que mais mata em todo o mundo. A banalização da vida evidenciada nos Autos de Resistência desmascaram a intensa repressão do Estado que existe por trás do discurso demagogo da pacificação. A verdade é que o silêncio ouvido nas favelas cariocas não vem da paz e sim do medo.
A prisão foi decretada após um dos cabos que executaram o crime ter relatado ao juiz Peterson Barroso Simões que o tenente-coronel era o mandante do crime. O cabo, que estaria ameaçado de morte, resolveu contar tudo e participar de uma antecipação de prova, obtendo o direito à delação premiada (que inclui provável redução de pena). O PM e sua família foram incluídos no programa de proteção à testemunha.
Após o assassinato de Patrícia Acioli, o comando da Polícia Militar trocou os comandantes de diversos batalhões. Foi quando Cláudio Luiz de Oliveira assumiu o comando do 22º BPM (Maré).
Vejam isso: o tenente-coronel era suspeito de ter matado a juíza e foi transferido para... comandar o batalhão da Maré. Na mesma região na qual, conforme foi divulgado anteriormente, o Governo do estado havia mandado fechar a UPA,  para que os tiroteios da PM continuassem (parece surreal, mas é real).  A solicitação foi feita pela Polícia Militar ao secretário de Saúde, uma vez que informações de inteligência davam conta da existência de bandidos com armamento perto do local.  Mais cedo, a secretaria havia acrescentado que o comando da PM havia pedido o fechamento temporário "por conta das operações realizadas no complexo nas últimas semanas".
Ou seja, os tiroteios provocados pelo comandante matador estão acima da saúde pública nas prioridades de Cabral. Entre o tiroteio e a saúde pública, governo opta pelo tiroteio.
È  bom lembrar que o tenente-coronel da PM Cláudio Luiz de Oliveira era um dos coronéis que proibiam funk na sua área, dizendo que "estava combatendo o crime". Sua base "legal" era a "Resolução 013", a lei de censura feita em um decreto do Secretário de Segurança Beltrame.
Todos esse atos revelam  as faces mais cruéis da forma de governar o estado do Rio de Janeiro: a incapacidade de lidar com a saúde e a segurança pública para a população carente, oferecendo somente (in)segurança para seu dia-a-dia.
 Isso não é natural e tem que ser mudado!

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