quarta-feira, 17 de junho de 2015

Atire a primeira pedra


A pedrada que atingiu uma menina de 11 anos foi jogada há muito tempo, e só agora atingiu a sociedade. Por quê?
Porque há anos existe um processo de ataque das seitas neo pentecostais aos ritos de origem afro brasileiros. É algo que envolve vários elementos e razões. Vejamos alguns:
As seitas e religiões neo pentecostais até tentaram, no começo da década de 90, medir forças com a igreja católica. Foi notório o caso do evangélico Sérgio Von Helde, então bispo da Igreja Universal do Reino de Deus, o qual ousou chutar a imagem de Nossa Senhora Aparecida, ao vivo, em um programa na TV Record. Von Helde foi execrado. Teve de amargar uma espécie de exílio nos Estados Unidos. 
A igreja católica, que na década de 70, representava 99,7% da população, e hoje caiu para 64,6%, reagiu firmemente ao avanço. Os evangélicos, em especial, as seitas neo evangélicas, mudaram o foco de ataque. Passaram a “demonizar” um inimigo em comum dos católicos, os cultos de origem afro brasileiro. 
Se aproveitando do racismo brasileiro, e de olho no público, na parcela da população que compunha os seguidores dessa fé, o qual de certa forma, foi o mesmo no qual se apoiou em seu crescimento, a população mais pobre e negra, as seitas neo pentecostais(Assembleia de Deus, Universal, etc), as neo pentecostais começaram uma campanha de evangelização marcada pela demonização, perseguição do que eles chamam de “macumba”, isto é, qualquer elemento da cultura afro brasileira, como o uso de tambores, roupa branca, colares, turbantes, etc.
Nenhuma religião surge do nada. É necessário agregar elementos que façam sucesso em outros ritos, para crescer, a partir dessas tradições o fiel se sentir seguro em sua nova fé. Tanto é assim que muitas seitas evangélicas neo pentecostais passaram a usar tambores, sacrifícios, transes, como nos terreiros da umbanda e candomblé. Mas a evangelização do movimento neo pentecostal apresenta um problema seriíssimo, que é o proselitismo , característica inconfundível das seitas. Muitos deles são do tipo que "pescam no aquário dos outros" por alimentarem a crença de que são os detentores da verdade, enquanto os demais estão enganados.
E para se manter no “mercado”, levar a vida suntuosa dos templos de Salomão, é algo muito caro. É necessário um constante fluxo de caixa, de muito dinheiro. Como resolver esse problema? Duas soluções surgiram:
1- A evangelização do movimento neo pentecostal baseada na exagerada dependência da mídia. Praticando isto a igreja deixa de ser igreja do IDE e passa a ser igreja do VINDE, a evangelização passa a ser estratégia de marketing e os que se "convertem" para a igreja, passam a ser clientes e não ovelhas. 
2- Cultura do ódio e da polêmica: para se manter na audiência sempre, os “bispos” procuraram elencar um festival de ódio aos ritos de origem afro brasileiro(pois disputam o mesmo público); aos homossexuais, pois isso atua no medo e no senso comum da sociedade brasileira.
Faça um exercício simples: assista a um ou dois programas dos “Bispos” Malafaia, Marco Feliciano, Waldomiro, etc. e veja quantas vezes as palavras “Jesus”, “amor”, “fé” são faladas. Em comparação às palavras “pecado”, homossexual(ou sinônimo) “macumba(ou correlato), “vingança” e “poder”.
Eu já o fiz. Aconselho a você a fazer o mesmo. E talvez entenda o silêncio desses “bispos” sobre a agressão que a menina de 11 anos sofreu, no Rio de Janeiro. 
Deixo uma lembrança: Mateus 19
"Então, trouxeram-lhe algumas crianças, para que lhes impusesse as mãos e orasse por elas. Os discípulos, contudo, os repreendiam. Mas Jesus lhes ordenou: “Deixai vir a mim as crianças, não as impeçais, pois o Reino dos céus pertence aos que se tornam semelhantes a elas”. E, depois de ter-lhes imposto as mãos, partiu dali. Dificilmente os ricos serão salvos"

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